21/01/2011

um rascunho sobre cinema

 O cinema verdade, tenho a impressão, de que é a inversão do que se entende por cinema, quando falamos sobre hollywood e seus derivados. À sétima arte restou o status de um grande engenho da fantasia, dos efeitos especiais e pessoas envolvidas em transações multi milionárias. Chegamos na era do cinema 3D, as bombas explodem, e os estilhaços voam, quase como se pudessem nos atingir (sou a favor do desenvolvimento da tecnologia mas quero enfatizar que o cinema atual evolui os efeitos especiais no entanto a evolução intelectual cinematografica acaba ficando nas pequenas salas de cinema). Não se vai ao cinema para pensar, em lugar algum as pessoas vão para pensar, tudo porque colocar o cérebro pra funcionar é muito chato. Em todos os lugares nós vamos para descansar, ou pelo menos pra carregar a bateria até que aquele bendito(?) dia (segunda-feira) chegue. Tudo oque se quer é diversão mais até isso é contradição nos dias de hoje, talvez sempre tenha sido, porque se de fato quiséssemos diversão não passaríamos a melhor parte de nossas vidas trabalhando. Nunca li nada escrito pelo Dziga Vertov (mentor do cinema verdade). Bom, como cineasta, é óbvio que o fundamental seria ver os filmes dele, mais tenho a impressão de que esses cineastas russos, embora tivessem uma linguagem bem calcada no cerne revolucionário soviético, conseguiram sobretudo, criar as linguagens cinematográficas que fizeram escola em grande parte do cinema mundial (não só na prática cinematográfica mais também deixando um legado teórico interessante pra quem gosta de cinema). Tem-se como exemplo (do legado do cinema soviético), o grupo Dziga Vertov, liderado pelo Godard, que marcou sua fase de “cineasta-militante”. Jean Rouch e o cinema verdade francês (esses mais influenciados pelo Vertov)... E até o próprio realismo poético francês, o neo realismo italiano e o cinema novo, que apesar de eu não conhecer tanto assim (nenhuma dessas três vertentes) tenho a impressão de que tem os pés no cinema Eisensteiniano. Que até onde eu sei, foi o responsável por interseccionar o realismo com a ficção no cinema, dos filmes dele que assisti, oque mais gostei se chama “A Greve” mas o maior clássico do Eisenstein foi o “Encouraçado Potemkin”. Tem um outro cineasta que eu acho que é mais desconhecido, sendo um pouco mais complicado de se encontrar material dele disponivel pra download, que é o Lev Kuleshov, criador do efeito (experimento(?)) Kuleshov, que foi utilizado também por um cara famoso em hollywood (embora o Kuleshov tenha aparentemente influencias do cinema ianque), o Buster Keaton! Kuleshov foi um cara tão bacana, que foi justamente ele a fazer o primeiro filme soviético que criticava o modo de viver na “América” (que fique bem entendido que se tratava dos ianques). O nome do filme é: The Extraordinary Adventures of Mr. West in the Land of the Bolsheviks. Me interessa muito essa relação do cinema com a realidade, e para entendermos essa tal relação, acredito que assistir os clássicos russos são fundamentais, mesmo que sejam meio retardados, se comparados com o que passa por ai geralmente, uma coisa que me despertou a atenção foi o início do filme “O Homem Com a Câmera” (do Vertov) onde passa uma legenda introdutória explicando sobre o aspecto experimental do filme e deixando bem claro que é um filme sem atores, roteiro, legendas (as do inicio não contam), som... não era a toa que ficou rotulado como cinema verdade. Ah, isso fora a cena da mulher parindo, imagino o estardalhaço que aquilo dever ter causado (o filme foi lançado em 1929) se bem que é provável que naquela época o filme não tenha ido muito longe do território soviético.

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