10/04/2011

Entrevista com o NRA (Holanda)



Mizéra - Quando/como a banda começou?

Gwynn - O NRA começou em novembro de 1989 com Aziz (Vocalista), Pepijin (baterista) e Gwynn (baixista), que sempre estiveram em outras bandas antes, as vezes juntos – e o Jean (guitarrista) que nós conhecemos em um show do All em Amsterdan, o que acabou sendo fundamental para que nós nos juntássemos.



Tudo profundamente influenciado pela cena punk/hardcore do início dos anos 80, nós queríamos fazer algo além do depressivo Speedmetal/funkcrossover que estava se tornando “mainstream” naquela época...





Mizéra - Como a banda está atualmente? Em turnê? Gravando algo novo?



Gwynn – Acho que é justo dizer, que os dias de turnê do NRA seguindo os preceitos daquela coisa de banda “HC punk” que nós estivemos fazendo por 20 anos estão acabados, nós já não somos o tipo de banda que toca em lugares (populares) faz uns dez anos, só porque nós podemos, dinheiro etc, nunca fizemos por isso...



Isso significa: Nós não acabamos!



A energia criativa nunca pára, nós temos muitas ideias, algumas coisas que ainda não foram lançadas... O sentimento ainda não acabou, por enquanto, (Se não tivermos sentimento, e as coisas pro futuro perderem as espectativas, como se não houvesse amanhã, então provavelmente nós iremos (deveriamos) parar



Aziz e Jean abriram o estúdio ARC: http://www.amsterdamrecordingcompany.com/about. Para nós isso é uma evolução lógica da atitude “faça-você-mesmo”. Então, o próximo album do NRA será feito no nosso prório estudio, provavelmente com alguns convidados, que trarão seus equipamentos para que nós possamos “intercambiar”. Nós faremos os sons, da melhor forma possível - mais do que nunca - do nosso jeito



(Nada de “nraMeloSkateHcPunk”, ou oque quer que seja, que fará turnês das músicas de 1997, acho que deu pra entender...)



A primeira gravação oficial do estúdio ARC será feita pela banda de amsterdam Gweapend Beton, com lançamento previsto para Abril/Maio de 2011... Verifiquem, fiquem atentos!





Mizéra - O que a sigla NRA significa, e por que escolheram este nome para a banda?



Gwynn - Sim, a coisa toda começou com um artigo da CNN sobre a Organização Nacional (dos Estados Unidos) de Rifle - “National Rifle Association” - Que para nós europeus nunca fez sentido nenhum. E depois nós pensamos que, com esse nome, poderiamos encher o saco também da dogmática cena esquerdista. (Você sabe, aqueles que falam as custas dos outros, mas não fazem a coisa acontecer)



Mas novamente depois de 3 semanas veio o “NotReallyAnything”



Mizéra - Quais foram as influências da banda?



Gwynn - O Hardcore norte americano do inicio dos anos 80 e a cena faça-você-mesmo européia daquela época.



Mizéra - O que vocês tem escutado ultimamente?



Gwynn - Nós escutamos de tudo... Nosso padrão é, se é feito realmente com o coração – então provavelmente nós vamos gostar.



Mizéra - Você pode falar algo sobre o album “Leaded” que vocês gravaram com a Virgin. O que levou vocês a assinarem com eles e qual a diferença entre ser uma banda independente e ter uma grande gravadora por trás?



Gwynn - OK, vou tentar explicar da forma mais simples/clara/curta possível.



(Acho que esta pergunta está desatualizada, certamente, com a internet hoje em dia e etc, você não acha?)



Naquela época (1996) a Virgin- Benalux (Belgica, Holanda e Luxemburgo) que era uma dependência da Virgin britânica nos deu propostas que eram melhores se comparados com a Epitaph, que era a outra gravadora que nós também estavamos conversando:



  1. Certamente hoje em dia algumas gravadoras independentes são maiores do que as “majors” (gravadoras “grandes”) de qualquer maneira com a Virgin / Epitaph este foi já o caso na época.
  2. Com a Virgin nós poderiamos continuar produzindo e lançando materiais em selos independentes e podiamos fazer as coisas do nosso jeito, quando tivessemos vontade – e foi o que fizemos. Com a Epitaph isso não era possível, e isso era uma questão importante pra gente.
  3. A História do Rancid – Nós fizemos os dois últimos shows com eles na primeira turnê européia do Rancid. Eles odiaram a turnê/Europa. E, como descobrimos mais tarde, nós pareciamos um bom bode-expiatório para aquilo. O Offspring alcançou a fama após deixar a Epitaph, então o Rancid era a próxima coisa grande para eles... Eles exigiram algum tipo de desculpa de nós, antes que pudéssemos ter assinado. (ainda não sei exatamente do quê?). Bem, esta era a única coisa que você espera com a política / majors, não com uma independente… Nós nos recusamos a lidar com isso. (Seria interessante olhar para algumas contas bancárias, relativas Punk / Independentes, etc)
  4. hahahaha, como se constata, nós nunca realmente assinamos com a Virgin, nós mativemos um “perfil baixo” (lowprofile), mas juridicamente é uma área cinzenta para o album “leaded”. Por exemplo, nós demos algumas cópias do “leaded” de graça, com o lançamento francês do album “Machine”.



Acho que esse assunto é um tanto pessoal pro NRA, nem vale a pena dar uma declaração geral sobre o assunto.





Mizéra - Eu tenho a impressão de que quando as bandas assinam contratos com “Majors” as coisas ficam um pouco mais mecânicas, devido a datas, e por causa da necessidade de se fazer muita grana com música, mas de acordo com o que eu li e ouvi, com o NRA, a grande “mudança” sonora veio depois do album Leaded (no New Recovery (que tem lançamento nacional pela Peculio Discos)). Você pode explicar aquele momento da banda?



Gwynn - Interessante... Para mim, todos os albuns soam diferente! Que é um dos pontos fortes do NRA. São os mesmos acordes básicos... Mas você pode sentir/ouvir como a banda trabalha duro, com as nossas próprias fronteiras – Nós ainda não podemos tocar periodicamente. Se você escutar os 6 albuns que nós gravamos, provavelmente você vai reconhecer a voz e o sentimento. Mas a maneira como nós chegamos lá, é muito diferente em cada um deles. (pode ser o jeito de tocar/ o o jeito de gravar por exemplo). É por isso que ainda estamos legal, e ainda nos sentimos a vontade para gravar algo novo. Se não fosse esse o caso nós fariamos parte do exército de bandas punks sem rosto, hahahaha, e nós deveriamos ser mortos.



Mizéra - O primeiro album de vocês foi produzido pelo Bill Stevenson and Stephen Egerton (Descendents/All/Black Flag), não foi? Você pode explicar como isso aconteceu?



Gwynn - Jean estava em contato com o Bill, que manteve também o backline da turnê europeia sobre sua supervisão (bandas como Doughboys, All, etc.todas usaram o mesmo backline nas suas turnês europeias). Naquela época, eles (Bill e Stephen) tinham um tempinho, então nós organizamos uma sessão de gravação de um dia (Sábado) e uma tarde para mixar (Domingo). Mal sabiamos.





Mizéra - Quando eu acessei o site do NRA pela primeira vez, a primeira coisa que eu vi foi um cartaz de um show que vocês fizeram com o Bad Brains, qual a sensação de dividir o palco com bandas como essa?



Gwynn - Sim, para mim e Aziz, o show do Bad Brains no Paradiso, foi um dos shows mais legais que nós presenciamos (cd Youth Are Getting Restless). Nós eramos/somos grandes fãs das coisas que essa banda fez. E sim, nós sabemos como as coisas evoluíram/histórias e etc... Exatamente como o Ramones o Bad Brains tava lá, sendo pioneiro, mas não tiveram o reconhecimento que mereciam naquela época. Dê uma olhada no Big Boys do Texas, eles foram verdadeiramente pioneiros no Punk/Funk... O primeiro show do Chilli Peppers foi abrindo pra eles. Eu ainda continuo escutando as coisas do Bad Brains, mais pessoas deveriam. Esse é o problema na cena punk/hardcore, verdadeiros inovadores raramente recebem verdadeiro reconhecimento, é apenas a segunda ou terceira “leva” de artistas que fazem a coisa ganhar reconhecimento. E sim, antes, as gravadores tinham uma grande parcela nisso. A coisa boa, é que hoje em dia isso não acontece mais. (mas apesar de tudo o mundo ainda gira em torno do dinheiro)





(Comentário final) Saia, monte sua própria banda, só porque você gosta disso/esta afim, e merece ser escutado. Se você está nisso por dinheiro, faça Pop, não Punk, por favor!!!
















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